Transparência? Só no discurso: Matinhos é o pior do Litoral e um dos piores do Paraná em 2025, diz TCE
Quando o Tribunal de Contas do Estado do Paraná lançou o Índice de Transparência da Administração Pública (ITP), o objetivo era simples: mostrar, com números, quem abre as contas e quem esconde o jogo. O programa avalia sites oficiais, portais da transparência, informações sobre contratos, folha, diárias, licitações, execução orçamentária e tudo aquilo que o cidadão tem direito e o gestor tem obrigação de saber.
Pois bem. Entre 399 municípios paranaenses avaliados, Matinhos conseguiu um feito difícil: ficou na posição 386, quase no fundo do poço, com apenas 46,05 pontos, classificado como “nível básico”.
Sim, básico. Em outras palavras: a prefeitura entrega apenas o mínimo do mínimo. E olhe lá.
O pior desempenho entre todas as cidades do Litoral
Enquanto os demais municípios litorâneos Guaratuba, Paranaguá, Pontal do Paraná, Morretes, Antonina e Guaraqueçaba conseguiram ao menos se manter em níveis “intermediário” ou “prata”, Matinhos fez questão de ir além: foi o pior de todo o Litoral do Paraná, isolado na última posição regional.
Não há como dourar a pílula: quando até cidades com orçamento menor, estrutura administrativa menor e problemas tão grandes quanto conseguem superar Matinhos, o problema não é falta de recurso. É falta de prioridade.
O contraste que envergonha
Enquanto cidades como Pinhais e Apucarana beiram a perfeição, ultrapassando 98 pontos, Matinhos amarga um desempenho que não condiz com uma prefeitura que vive repetindo discursos de modernidade, diálogo e eficiência. O índice mostra o que realmente importa: na prática, o governo não abre suas informações para o cidadão.
E transparência, vale lembrar, não é frescura, nem favor. É lei. É o primeiro degrau de qualquer administração pública séria.
O que significa estar no “nível básico”
Significa que:
- informações essenciais estão incompletas ou escondidas;
- atualizar dados não parece prioridade;
- o portal da transparência não cumpre o que deveria;
- o cidadão não consegue fiscalizar e quando a população não fiscaliza, o gestor relaxa;
- abre-se espaço para erros, abusos e descontrole financeiro.
Transparência baixa é como dirigir de noite com o farol queimado: talvez não bata agora, mas quando bater, todo mundo finge surpresa.
O primeiro ano de Dalmora começa mal, muito mal
Eduardo Dalmora assumiu prometendo renovação, diálogo e uma gestão moderna. Mas, nos números frios do TCE, o que se vê é uma prefeitura desorganizada, opaca e lenta para cumprir obrigações básicas de publicidade dos atos oficiais.
E não dá para botar a culpa no passado, no servidor, na chuva, no vento ou no computador velho. A transparência é reflexo direto da prioridade política do prefeito. Se ele quisesse, já teria mexido nisso.
Os riscos de manter Matinhos no escuro
- Uma prefeitura mal avaliada em transparência:
- afasta investimentos,
- perde credibilidade com órgãos de controle,
- dificulta o combate à corrupção,
- impede que o cidadão avalie se o dinheiro está sendo bem gasto,
- e coloca Matinhos no mapa da desconfiança institucional.
Quando uma cidade turística que vive dizendo que quer crescer, se desenvolver e ganhar relevância, aparece entre as piores do Estado em transparência, fica difícil levar o discurso oficial a sério.
O recado é claro
O ITP é um raio-x incômodo, mas necessário. E o diagnóstico sobre Matinhos é duro: o governo Dalmora precisa parar de discursar e começar a trabalhar.
A cidade merece mais que um portal capenga e uma gestão que parece ter medo da luz.
Transparência não é detalhe.
É o mínimo.
E Matinhos, pelo visto, ainda está tentando aprender o bê-á-bá.
Fonte: TCE-PR
*Matéria feita por um jornalista político que não tem paciência para maquiagem administrativa
