De Crítico a Cúmplice: Eduardo Dalmora e o Teatro das Catracas em Matinhos
Por um capricho de ironia ou de conveniência política, o prefeito Eduardo Dalmora — aquele que tanto vociferou contra os projetos da gestão anterior — agora os abraça como se fossem suas bandeiras originais. Mas o faz com uma peculiaridade que revela a essência autoritária de sua administração: instalou catracas nos ônibus do programa Tarifa Zero. Sim, você leu certo. Catracas… em ônibus gratuitos.
O que Dalmora pretende com isso? Controlar quem entra? Medir o fluxo de passageiros? Criar a ilusão de que sua gestão é “tecnicamente eficiente”? Ou será só mais uma maneira disfarçada de desmontar um programa social sem ter a coragem de assumir a impopularidade de extingui-lo por completo?
Vamos aos fatos. O Tarifa Zero foi criado para democratizar o acesso ao transporte em Matinhos. Era uma medida inclusiva, ousada, que permitia que estudantes, trabalhadores informais, idosos e toda a população se movimentassem livremente. Na campanha, Dalmora torceu o nariz para o projeto. Disse que era populista, insustentável e eleitoreiro. Mas bastou sentar na cadeira do executivo para mudar o discurso — não por convicção, mas por cálculo político.
O problema é que, ao invés de aprimorar o projeto, ele o está engessando com um aparato simbólico de controle: a catraca. A mesma que em outras cidades marca a separação entre quem pode e quem não pode pagar. A mesma que, em São Paulo, Porto Alegre e até em Maricá — referência nacional em transporte gratuito — foi retirada justamente para garantir dignidade ao usuário. Em Maricá, aliás, os ônibus vermelhos circulam sem catraca há anos, com o apoio da população e resultados comprovados: aumento da atividade econômica local, redução de desigualdades e menor evasão escolar.
Matinhos, sob a batuta de Dalmora, caminha no sentido inverso.
Instalar catracas é simbólico: é dizer “nós vamos controlar você, mesmo que seja de graça”. É transformar um direito em concessão. É o velho autoritarismo com verniz tecnológico. A catraca é a metáfora perfeita da gestão Eduardo Dalmora: inútil, invasiva e absolutamente fora de contexto.
Não sejamos ingênuos. Quem critica e depois copia sem admitir o erro, não é um gestor, é um oportunista. E quem altera um projeto social para fingir que está inovando, apenas para satisfazer seu ego político, está enganando a população.
Catracas em ônibus gratuitos são como cofres vazios: só servem para parecer que há algo valioso sendo guardado. E a população de Matinhos merece mais que um espetáculo de vaidades e contradições.
A pergunta que todos fazem é... Se aproxima o fim do Tarifa Zero?