Mais de dois meses após a tragédia no Super Rede Atacadista, em Pontal do Paraná, que vitimou três funcionárias (Rayssa Batista Santos, de 18 anos, Camille Vitória de Souza Dias, de 19 anos, e Pryscilla Maris Taschek Farro, de 36 anos) e feriu outras 12, a Polícia Civil indiciou três pessoas por homicídio culposo e lesão corporal. Os acusados são o proprietário da construtora, Carlos Alberto Leal, o dono do supermercado, Eduardo Dalmora, e o responsável pela obra, Wilson Ostapechen. Segundo o delegado Jader Roberto Ferreira Filho, houve negligência significativa por parte dos responsáveis pela construção.
A perícia revelou "falhas construtivas" no edifício, como a insuficiente espessura de segurança da laje e a ausência de reforços necessários. O perito Luis Noboru Marukawa destacou improvisações perigosas, incluindo uma viga que foi inadequadamente apoiada com uma tábua, indicando erros graves na execução da obra.
Comissão Processante e Arquivamento
Quatro dias após o acidente, a Câmara de Vereadores de Pontal do Paraná formou uma Comissão Processante para investigar uma denúncia contra o prefeito Rudão Gimenes (MDB), acusado de crime de responsabilidade por ter participado da inauguração do mercado, que ocorreu sem os alvarás necessários. Composta pelos vereadores Marco Rocha (Solidariedade), Marcelo da Saúde (PSB) e Paulo Parada (PDT), a Comissão teve 90 dias para concluir suas investigações, mas foi arquivada por sete votos a três nesta terça-feira (28), interrompendo os trabalhos.
Denúncia de Suborno
A situação agravou-se com uma denúncia pública feita pelo presidente da Câmara Municipal, Sinedir da Rosa Cardozo (Novo), conhecido como Sene. Em um vídeo ao vivo no Facebook, ele acusou Eduardo Dalmora de tentar suborná-lo para evitar a votação da denúncia contra o prefeito. Sene afirmou que Dalmora lhe ofereceu benefícios em troca de seu silêncio, incluindo funcionários e cestas básicas, mas ele recusou. Apesar da grave acusação, Sene ainda não formalizou a denúncia junto ao Ministério Público.
Clima Tenso entre Legislativo e Executivo
O clima político em Pontal do Paraná está tenso. Sene acusa o prefeito Rudão de chantagem, alegando que este tenta desacreditar sua posição. Além disso, Sene criticou o atraso nos repasses dos salários dos vereadores e funcionários da Câmara, sugerindo que o prefeito tenta pressioná-lo. Ele também se opôs ao pedido de urgência para a votação de projetos de lei que preveem R$ 25 milhões em investimentos, afirmando que a população precisa de emprego, saúde e educação, e não apenas de infraestrutura.
O JB Litoral tentou contato com Sene e Eduardo Dalmora, mas não obteve respostas até a conclusão desta reportagem. O espaço permanece aberto para futuras manifestações dos citados.
Fonte: JB Litoral